Unidade de Diálise da Santa Casa de Votuporanga completa 35 anos de cuidado, tecnologia e histórias de vida
07/08/2025
Nesta sexta-feira, 8 de agosto, a Unidade de Diálise da Santa
Casa de Votuporanga celebra 35 anos de funcionamento. A data marca
não apenas a longevidade de um serviço essencial para a
sobrevivência de centenas de pessoas, mas também um percurso de
crescimento, inovação e, acima de tudo, de vínculos humanos que
transformam rotinas desafiadoras em histórias de acolhimento e
esperança.
Inaugurada oficialmente em 1989, mas com funcionamento iniciado em
12 de agosto de 1990, a Unidade de Diálise da Santa Casa começou
pequena: apenas cinco máquinas antigas e 12 pacientes transferidos
da região de São José do Rio Preto. Trinta e cinco anos depois, o
cenário é bem diferente. São 293 pacientes atendidos — 278 em
hemodiálise e 15 em diálise peritoneal — com um total de 45
máquinas de ponta funcionando em três turnos, de segunda a sábado.
Apenas no primeiro semestre de 2025, foram realizadas 24.766
sessões, das quais mais de 95% pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Quem acompanhou essa evolução desde o início foi a nefrologista
Dra. Aparecida Paula Gondim Visona, que chegou à unidade em julho
de 1990. "Hoje temos tudo o que a minha especialidade exige: duas
modalidades de diálise, ambulatório de glomerulopatias, biópsias
renais e até ósseas. Só não fazemos transplante aqui, mas nos
preocupamos profundamente em preparar o paciente para chegar em
boas condições a esse momento", afirma. Para ela, o sentimento é
de realização plena, mas com olhos sempre voltados para o futuro.
“Nunca me conformei com o ‘já está bom’. Sempre busco melhorias.”
A atenção à tecnologia também faz parte desse caminho. Em 2024, a
Unidade deu um salto ao realizar, pela primeira vez, teleconsultas
para pacientes em preparação para o transplante renal, evitando o
deslocamento até São José do Rio Preto. "Foi uma conquista
importante que mostra como podemos integrar tecnologia ao cuidado
humano", completa a médica.
Esse cuidado, aliás, é o que mais marca quem passa por ali — tanto
pacientes quanto profissionais. Aos 72 anos, Aparecido Scroque é
paciente da unidade há seis anos. “Venho três vezes por semana.
Aqui o tratamento é muito bom. As enfermeiras são ótimas, muito
atenciosas. A gente se sente acolhido”, diz. Ele conta que
descobriu a insuficiência renal ainda aos 50 anos, após exames de
rotina. “As minhas filhas ficaram desesperadas. Mas estou aqui,
firme.”
A técnica de enfermagem Mara Regina Francisco Nissimura, há 23
anos na unidade, também sente orgulho de ver o quanto o setor
cresceu. “Quando comecei, eram 30 pacientes por dia. Hoje são mais
de 290. A gente viu tudo mudar: máquinas, estrutura, colegas. Mas
o que não muda é o carinho pelo paciente. Aqui a gente conhece a
história, o filho, o neto... eles viram parte da nossa vida”,
conta.
Já a enfermeira Neusa Vicente ressalta o impacto do serviço na
vida de quem depende dele. “Se não existisse a hemodiálise, muitos
dos nossos pacientes não estariam vivos. Alguns fazem tratamento
há mais de 20 anos. E o mais bonito é quando conseguimos ver um
transplante acontecer. É uma vitória para todos.” Ela também faz
um apelo para que mais profissionais se interessem pela
nefrologia. “É um setor que exige muito, mas que oferece um
retorno humano incomparável. A gente vai dormir com a consciência
de que fez diferença na vida de alguém.”
A história da Unidade de Diálise da Santa Casa de Votuporanga é,
portanto, feita de técnica e tecnologia, mas, sobretudo, de gente.
De médicos e profissionais comprometidos, de pacientes que lutam
com dignidade e de uma Unidade de Diálise que, há 35 anos, se
dedica diariamente a oferecer não apenas tratamento, mas vida com
dignidade.