Mais de 450 pares doados: idosa de Votuporanga usa o tricô para aquecer bebês da Santa Casa
07/08/2025
Com mãos firmes e coração generoso, a professora aposentada
Irêni Mendonça Borges, de 91 anos, continua tecendo amor em forma
de sapatinhos de tricô. Na última terça-feira, 5 de agosto, ela
entregou mais uma remessa com 20 pares para a UTI Neonatal e
Pediatria da Santa Casa de Votuporanga. Essa é apenas uma parte
das mais de 450 peças que ela já confeccionou e doou, tornando-se
uma verdadeira inspiração de solidariedade e esperança.
Na casa tranquila de Dona Irêni, em Votuporanga, agulhas de tricô
se movem com leveza e precisão. Entre um ponto e outro, ela
carrega um propósito que vai muito além do artesanato. "Comecei a
fazer os sapatinhos em meados de 2024, quando minha neta Carolina
me deu vários novelos de lã. Pensei que poderia aproveitar para
ajudar bebês que estão começando a vida com tantos desafios",
conta ela, com um sorriso sereno e olhar cheio de ternura.
A atividade, segundo ela, é mais do que uma forma de ocupar o
tempo. É um ato de amor. "Me sinto feliz fazendo essas doações. É
uma maneira de me distrair e ajudar ao mesmo tempo. Faço com muito
carinho", diz. Aos 91 anos, Dona Irêni tem consciência do valor do
que faz — e também do tempo. Por isso, deixa um apelo sincero:
"Devido à minha idade, penso que seria importante passar esse
conhecimento adiante. Quem sabe alguém se anima a aprender e
continuar essa missão?".
Os sapatinhos, todos feitos em tricô e, às vezes, com enfeites de
crochê, já chegaram a 13 cidades, distribuídos por meio de amigos,
parentes e instituições de saúde. Votuporanga é a cidade que
recebeu mais doações: foram 175 pares, sendo 80 deles destinados à
Santa Casa, onde os bebês prematuros são acolhidos com o calor das
mãos de Dona Irêni.
A filha mais velha da tricoteira solidária, Fermina Mendonça
Borges, de 68 anos, também se emociona ao falar sobre a mãe.
Enfermeira aposentada, ela acompanha de perto cada gesto de
cuidado e dedicação. "Ela sempre fez sapatinhos para filhos, netos
e bisnetos. Mas, no último ano, resolveu ampliar esse carinho para
outras crianças, especialmente as mais carentes", relata.
Fermina detalha as cidades que já receberam os sapatinhos:
Cardoso, Jales, Araçatuba, Casa Branca, Três Lagoas, Barretos,
Rondonópolis, Itanhaém, Brasília, Rio Preto e até Curitiba — onde
uma das doações foi entregue a uma maternidade do SUS pela TV
Evangelizar, após uma reportagem sobre Dona Irêni fazer sucesso.
"Temos muito orgulho da criatividade dela e dos trabalhos manuais
que continua fazendo com tanto amor", reforça Fermina. E completa
com uma reflexão importante: "Num mundo tão cheio de
desigualdades, é urgente termos mais generosidade e empatia.
Pequenos gestos, como o da minha mãe, fazem uma diferença enorme".
O exemplo de Dona Irêni é, acima de tudo, um chamado à
solidariedade. Em meio a um tempo marcado por correria e
indiferença, ela nos mostra que cuidado, afeto e tempo dedicado ao
outro continuam sendo os maiores presentes que podemos oferecer.
E, enquanto suas mãos ainda conseguirem segurar as agulhas, muitos
pezinhos continuarão aquecidos — e muitos corações, tocados.